As mulheres e crianças da fotografia acabaram de chegar num comboio proveniente da Hungria e estão condenadas a morrer nas horas seguintes. Estava-se em maio de 1944 e a máquina de extermínio em Auschwitz-Birkenau funcionava em pleno para concretizar a «solução final».
Esta e outras fotografias foram captadas por Bernhard Walter, soldado SS incumbido de fotografar os deportados quando chegavam ao campo bem como todo o processo, que se seguiria, quer direcionando-os para as câmaras de gás, quer para os barracões onde pernoitariam nos intervalos da sua utilização como mão-de-obra escrava para produzirem quanto era necessário para alimentar a máquina de guerra nazi.
Ao contrário do que acontecera com os pavilhões onde o zyklon B matara milhares de vítimas e de que os soldados soviéticos só tinham encontrado os escombros ao libertarem a região - os nazis haviam-nos feito explodir antes de fugirem para oeste -, as fotografias de Walter escaparem a essa intenção de se apagarem os vestígios do sucedido, encontrando-se hoje conservadas no Instituto Yad Vashem em Jerusalém. Nelas se conserva a derradeira imagem de pessoas em vias de ser assassinadas e que tinham deixado atrás de si as esperanças de uma vida convencional com as suas alegrias e tristezas.
O documentário de Laasch e Scherer é apenas mais um documento a acrescentar aos muitos, que contra-argumentam os propósitos negacionistas de uns quantos fascistas dos nossos dias. E, numa altura em que estão a desaparecer os derradeiros sobreviventes desse crime perpetrado contra a Humanidade, nenhum se revela dispensável para lembrar como as extremas-direitas não se impõem quaisquer limites quando tudo fazem por preservar e aumentar a riqueza dos que quase têm tudo. Não esqueçamos que os grandes industriais alemães, que financiaram o nazismo e dele colheram benefício, continuaram a manter os seus negócios depois da guerra, quase nunca sendo incomodados pela autoria moral - e em muitos casos material, porque usaram e abusaram dessa mão-de-obra escrava! - pelos crimes cometidos.
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