Só agora tomei conhecimento do percurso biográfico e artístico de Paul Dessau, compositor alemão desaparecido aos 84 anos em 1979 na antiga República Democrática Alemã e com um percurso comunista consistente desde os anos 20. Daí o véu de esquecimento, que tende a envolver-lhe a evocação.
De origens judaicas teria a mãe assassinada no campo de Theresienstadt depois de a não ter convencido a manter-se no exílio para onde a levara, quando começara a sentir as perseguições nazis. E também ele escaparia por pouco às perseguições macartistas em Hollywood, onde encontrara trabalho depois da passagem por França, onde a Ocupação tornara inviável que continuasse a viver. A condição de muito próximo colaborador de Brecht tornava-o alvo preferencial dos inquisidores, quando tornou-se evidente que o autor de Mãe Coragem viria a ser um dos ódios de estimação do Congresso norte-americano.
Embora autointitulado príncipe do dodecafonismo as suas composições têm uma linha melódica que as torna facilmente trauteáveis, quando se sai das salas de concerto onde são executadas. O que não será de estranhar dada a ligação ao dramaturgo para quem tanto trabalhou, inspirado pela tradição do teatro musical berlinense dos inícios do século XX. E que bem merece que lhe conheçamos a obra...
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