Data deste ano o documentário Nicole Kidman: les yeux grands ouverts de Patrick Boudet, que retrata a atriz ambivalente, que rodou com Gus Van Sant, Jane Campion e Stanley Kubrick. Embora parecesse talhada para as grandes produções de Hollywood ela não teve pejo em arriscar no desempenho de papéis controversos quando ainda vivia na Austrália e a condição de “mulher de Tom Cruise” não se pusera: em 1989 protagonizou Calma de Morte onde já se colocava a situação de uma mulher forçada a atitudes extremas para se libertar das grilhetas masculinas.
A mudança para a costa ocidental dos Estados Unidos aconteceu logo a seguir, bem como o casamento com o parceiro de cartaz em Dias de Tempestade de Tony Scott.
Nos onze anos, que durou essa ligação, Kidman não enjeitou seguir rumo à parte optando por filmes de autor mesmo se, também eles seduzidos por produções mais avantajadas. Caso de Gus Van Sant em 1995 com Disposta a Tudo ou Jane Campion em 1996 com Retrato de uma Senhora.
O que o documentário comporta de maior novidade é a depressão em que mergulhara no final do mediático casamento e a avassalava quando a Academia lhe deu o Óscar pelo desempenho de Virginia Woolf em As Horas.
Nas quatro décadas em que multiplicou-se por incontáveis desempenhos, Nicole Kidman sempre quis ser combativa, mormente em prol das causas feministas, mas também ambígua nas suas vulnerabilidades. Por isso, apesar de personagens masoquistas, e até sujeitas a violência conjugal, primam na sua filmografia as que lutam para afirmarem a sua identidade e emancipação.
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