sábado, dezembro 16, 2023

Da pequena corrupção às portas giratórias

 

O que sucede numa sociedade onde impera a corrupção? Um estudo das universidades de Newcastle e Copenhaga demonstra que  nelas os cidadãos são mais infelizes e mostram  sinais de perturbações mentais. Privados da participação na responsabilidade do Estado podem chegar a decisões desesperadas.

Em 2001 um vendedor ambulante tunisino imolou-se pelo fogo para protestar contra a omnipresente corrupção de que se sentia vítima. Assim começou a Primavera árabe com um incrível efeito de contágio, que chegou a alimentar expetativas otimistas quanto à evolução de muitos dos regimes por ela afetados, mas afinal redundando em quase nada de significativamente alterado: a corrupção continuou a fazer parte do quotidiano dessas sociedades. Como já sucedia na Roma Antiga onde foi uma das principais causas para a queda do seu império. mas onde, durante séculos, foi normativa no funcionamento das relações económicas e sociais.

A corrupção também está nos comportamentos infantis desde muito cedo, mormente nas  cábulas utilizadas para melhorar as possibilidades de ter boas notas nos testes e exames. Um estudo de 2017 demonstrou que, quanto mais corrupta é uma sociedade, maior é o nível de batotice investido pelos estudantes nos seus desempenhos escolares.

Se existe muita pobreza e desigualdade as pessoas são suscetíveis a recorrerem à corrupção para melhorarem a condição económica. Mas que dizer das portas giratórias tão comuns nas nossas sociedades ocidentais com políticos, como Paulo Portas ou Durão Barroso, a abandonarem funções públicas para levarem os conhecimentos nelas auferidos, e as complementares agendas de contactos para os porem ao serviço dos interesses privados?

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