Não é preciso dar muitos tratos à imaginação para considerar países onde a administração pública é extremamente vagarosa, os funcionários ganham mal e as licenças de construção demoram imenso tempo a serem emitidas. Em vez de se perder tempo em filas sem fim há quem ceda à tentação de subornar quem possa superar esses obstáculos.
A corrupção beneficia supostamente todos quantos nela participam dando a uns quantos a ilusão de ser imprescindível para o sucesso dos negócios. Mas a investigação sociológica demonstra a falsidade dessa impressão, porque acontecem tragédias relacionadas com desmoronamentos de construções decorrentes de processos ilícitos de autorizações para serem levantadas sem as devidas inspeções.
Entre 1980 e 2010 uma grande maioria - 83% - das vítimas dos sismos acontecidos em várias geografias cingiram-se a países muito pobres onde grassa a corrupção. É ela que está na origem de muitas ineficiências das instituições públicas e a falta de confiança na sua capacidade para darem as esperadas respostas sociais. Daí que saia degradada a qualidade da Democracia ou o adiamento da sua consolidação perturbando as próprias transações económicas, que a mão invisível prometia ser virtuosa quanto ao mérito e aos resultados. Como o capitalismo evoluiu progressivamente para a conquista do Estado por um pequeno grupo de indivíduos as instituições públicas são mobilizadas para servirem os seus próprios interesses, muito particularmente o sistema judicial. Assim se consegue legalizar a corrupção para livrar de problemas quem a pratica e afastar eficazmente quem se lhes oponha.
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