1. Qual foi o primeiro grande concerto madrileno em 1940, quando ainda se fuzilavam os vencidos da Guerra Civil?
Para grande desgosto meu, que até gosto da peça em causa, foi o Concerto de Aranjuez de Joaquín Rodrigo que, mesmo querendo separar a sua criatividade do aproveitamento político que o franquismo dele faria doravante, nunca conseguiu ir além dessa cómoda variante do “não me comprometam”. Pelo contrário nunca dele se viu qualquer atitude de distanciamento perante uma ditadura, que o utilizaria como caução cultural para substituir os escritores e artistas, que assassinara ou empurrara para o exílio.
Se podemos desculpar Wagner pelo aproveitamento que Hitler fez das suas óperas - o III Reich só surgiria meio século depois da sua morte! - Rodrigo conviveu sem problema com o regime, que dele se serviu sem escrúpulos.
2. Nunca tinha dado por isso, mas é curioso constatar que, apesar do ritmo declaradamente militarista, o hino espanhol não se faz acompanhar de qualquer letra. Poupam-se assim os disparates sobre o esplendor da pátria, o dever de marchar contra canhões e outras parvoíces em que o nosso hino é farto. E poupam-se, igualmente, as energias dos futebolistas da seleção, que melhor farão em demonstrar talentos com a bola do que nas suas canoras desafinações.
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