Em 1990 Kaurismäki concluiu o que alguns se apressaram a crismar de “trilogia proletária”, embora ele preferisse a mais ajustada “trilogia dos vencidos”. E nela apurando o estilo feito de intrigas concisas, representação lacónica dos seus atores, minimalismo dos enquadramentos e movimentos de câmara e sobriedade dos cenários.
Inspirado em «A Rapariga da Caixa de Fósforos» de Andersen, tem como protagonista Iris, uma desengraçada operária, que compra um colorido vestido para atrair parceiros nas boates, sendo facilmente confundida com uma prostituta por Aarne com quem passa uma noite no seu luxuoso apartamento. Por ele repudiada, mesmo quando lhe aparece com a notícia da decorrente gravidez, Iris compra veneno para ratos, mistura-o com água e serve-o não só ao efémero amante, mas também a outro potencial interessado nela com quem bebe um copo num bar e, sobretudo, à mãe e ao padrasto, que a insultavam e humilhavam.
Assim conclui-se uma fábula sem moral nem proveito, que ilustra o percurso de uma rapariga manietada nas hipóteses de vir a ser feliz...
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