1. Um documentário de Philippe Roussilhe sobre as tradições pagãs na Europa - A Máscara e as Aldeias (2019) - confirma a transversalidade dos rituais primaveris, relacionados com a fertilidade e a proteção perante os espíritos malignos, por toda a Europa. Portugal surge representado com os caretos de Lazarim e é apenas um exemplo de como a consolidação do catolicismo não conseguiu tornar obsoletas as práticas, que vinham de tempos imemoriais e implicavam a participação ativa de toda a comunidade, por um dia liberta dos constrangimentos preconceituosos judaico-cristãos. Porque, atrás das máscaras, esconde-se a identidade dos que, momentaneamente, usufruem de insólitas e efémeras liberdades.
2. Tradições que perduram também as que acompanhavam as caravanas de comerciantes, quando Marco Polo delas deu fé na movimentada Rota da Seda, e ainda sobrevivem como constatou o repórter francês Alfred de Montesquiou: entre Tachkent e o vale de Fergana cruzou-se com titereiros a interpretarem récitas nos seus teatros de marionetas, funâmbulos a equilibrarem-se sobre as praças das aldeias, malabaristas e outros artistas circenses, que são os herdeiros duma cultura secular, que resistiu - e até foi estimulada! - durante os anos soviéticos.
O Uzbequistão é, de entre os países por onde essa rota atravessava, um dos mais interessantes!
Sem comentários:
Enviar um comentário