domingo, fevereiro 26, 2023

Outras mulheres conhecidas através de Eva Luna

 

São contos de uma dezena de páginas, com retratos de mulheres mergulhadas nas múltiplas realidades latino-americanas. Com mais ou menos realismo, e magia muitas vezes revestida de sinistras perversões.

Muitos anos passados sobre a compra deste livro de Isabel Allende, até agora esquecido na biblioteca a aguardar por dias favoráveis à sua descoberta, tem sido prazeroso descobri-lo.

Hermelinda, a prostituta da Terra do Fogo, tão apreciada pelos peões dispostos da gastarem as soldadas no seu negócio e a deixar-lhes imensas saudades, quando dali partiu com um forasteiro capaz de a encantar como nunca sucedera até então.

Antonia Sierra e Concha Diaz, a mulher e a amante do sovina Tomás Vasquez, que conseguem vencer a tentação da rivalidade e vingarem-se de quem a tantas privações as sujeitara, partilhando o esconso tesouro por ele clandestinamente acumulado.

Hortensia, a jovem mentalmente limitada, que Amedeo Peralta aprisiona durante meio século numa cave e justifica a queda de quem toda a vida se julgara tão poderoso que nada, nem ninguém, lhe beliscaria o livre arbítrio.

Patricia Zimmermann, a burguesa, por quem Horacio Fortunato se embeiça obsessivamente, embora nada dela consiga apesar dos muitas prendas enviadas. Até conseguir abrir-lhe o franco riso ao associar a sua companhia de circo ao propósito de, definitivamente, a convencer.

Maurizia Rugieri, a romântica enfeitiçada pelo fascínio das óperas de Verdi ou Puccini e, tardiamente, a compreender o engano sobre a verdadeira identidade do herói a quem deveria ter dedicado os fervores amorosos.

A rapariga sem nome, sujeita a terrível escravatura sexual num acampamento de colheita de borracha na selva amazónica, e liberta dos seus dias sem esperança pelo índio com nome de vento, ali momentaneamente de passagem só para compreender os perigos vindos dos brancos. 

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