Foi inesperada a surpresa: comecei a ver este filme de Emmanuel Mouret sem grandes expetativas, apenas com a expetativa de passar um momento agradável com aquilo que um cinema francês de mediana qualidade faculta.
Pouco a pouco, constatei ser algo de diferente, uma fantasia amorosa e sexual ao melhor nível do que Rohmer criou quando nos deu a conhecer o joelho de Claire, pôs a colecionadora a seduzir quem lhe passava ao alcance ou o verão foi estação de súbitos deslumbramentos. Mas com os doces tremores do coração e do corpo a seduzirem com a harmonia do circo sentimental de alguns títulos de Truffaut.
Maxime e Daphné passeiam-se durante um par de dias por uma aldeia e suas cercanias para relatarem as histórias dos amores, que os desiludiram ou encantaram. Sem imaginarem, que essa partilha de confidências constitui uma forma de engate.
A partir daí dão razão aquilo que um site francês (Shangols) descreveu assim: “sem gritos, sem histeria, mas com plena acuidade e minúcia, o filme conta o esgotamento do amor e, ao mesmo tempo, a sua eternidade: todos se enganam, todos traem, todos se deixam, mas todos amam passivamente, desejam-se com ardor e levam o amor muito a sério”. A inconstância das fraquezas sentimentais tornam extraordinário o que se acoita dentro do aparentemente banal. E, no final, presumem-se futuros desencontros nos que parecem estabilizar precariamente em ligações, que se adivinham tão precárias quantas as havidas até então.
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