Há cerca de dois meses, no âmbito de uma sessão integrada no ciclo «Luz e Sombras - Representações da Idade Média no Cinema», a Cinemateca projetou O Cortejo do Mundo Português, o filme rodado pelo cineasta amador Carneiro Mendes durante o grande evento organizado pelo Estado Novo em 1940.
São oito minutos de um desfile captado por um assumido alinhado com o regime, replicando-lhe a intenção propagandística e os valores. Mas o que verdadeiramente interessa nesta peça a cores, de apenas oito minutos, é a demonstrada competência desse engenheiro eletrotécnico que pedia meças aos profissionais de então, daí ganhando proximidade a António Lopes Ribeiro, que aproveitaria algumas destas imagens para a sua própria abordagem panegírica do tema. E dando a ver os rostos dos figurantes, aqueles que sofrendo os efeitos das políticas salazaristas - a pobreza, o analfabetismo - eram utilizados para a criação de uma ilusão de grandeza imperial, que só existia na cabeça dos que a utilizavam para assegurarem a perenidade da ditadura.
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