Será a infância o verdadeiro alfobre de estímulos, que levem alguém a lançar-se na criatividade literária, mesmo se depois a revista de filtros bastantes para dela só restar a aparência de um eco distante?
Essa hipótese faz sentido se olharmos para a infância de Bram Stoker, o criador de Drácula. Inexplicável mal se manifestou em criança, traduzido em pesadelos noturnos e numa forma de melancolia depressiva, que o retinha a maior parte do tempo no leito. Para o entreter a mãe contava-lhe inúmeras histórias do imaginário irlandês, mas podemos conjeturar até que ponto elas não alimentavam os perturbadores devaneios noturnos do futuro escritor. O certo é ele ter transferido essas assombrações para Lucy, personagem determinante no romance sobre o monstro da Transilvânia, e sobretudo a partir do momento em que o delicado pescoço passou a ser pasto das fatais dentadas.
Stoker, que quase nunca saiu da Dublin natal, terá viajado abundantemente pelos muitos títulos da gótica biblioteca da cidade, não sendo estranho que esse cenário, em si tão presente desde a infância, o tenha levado a imaginar uma trama também influenciada pelos estranhos personagens, que a mãe lhe dera a conhecer!
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