terça-feira, dezembro 29, 2020

(DIM) Agente laranja: a última batalha, Alan Adelson e Kate Taverna, 2020

 

É um documentário devastador sobre os efeitos dos produtos químicos nas populações sujeitas à sua propagação. Especificamente sobre o agente laranja, um desfolhante utilizado pelo exército do tio Sam no Vietname entre 1962 e 1971 para destruir as florestas onde escondiam-se os guerrilheiros vietcongues e as culturas agrícolas, que os alimentavam, e depois ainda espalhado por florestas e pastagens norte-americanas onde, supostamente, a densidade populacional era reduzida. Mormente no Estado do Oregon onde muitas famílias ficariam sujeitas aos seus efeitos nocivos.

Quatro décadas e meia depois do fim da guerra na Indochina ainda são muitas as crianças aí nascidas com problemas de saúde e malformações, suscitadas pela contaminação dos solos das aldeias onde nascem. E as associações de veteranos norte-americanas têm abundante rol de casos de antigos militares afetados por cancros contraídos devido ao contacto com aquela que foi arma química abundantemente utilizada sob instruções do Pentágono para infletirem a evolução de uma guerra depressa pressentida como inevitavelmente perdida.

Só em 1983 é que, pressionada por sucessivos processos judiciais e má imprensa, a Dow Chemical retirou do mercado os seus produtos à base de dioxinas, comprovadamente causadoras de cancros e malformações genéticas.

O documentário focaliza-se em duas mulheres que, cada uma por seu lado, procuraram confrontar diversas empresas químicas com as suas responsabilidades: a antiga repórter de guerra Tran To Naga e a ativista Carol Van Strum, autora dos “Poison Papers”, envolvida há quatro décadas no combate contra esse desastre humano e ecológico. Sobretudo no caso desta última denunciam-se as pressões impostas pelas empresas para a silenciarem: desde ter o telefone sob escuta até ameaças explicitas a ela e aos filhos tudo valeu para que desistisse. Uma opção que nunca se colocou tendo em conta o sofrimento vivido por tantas famílias, vítimas colaterais da ganância dos acionistas de uma indústria apostada na maximização dos lucros em detrimento dos danos humanos que causem... 

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