Não existem provas que justifiquem a intenção do Bispo de Lamego em ter encomendado à oficina do flamengo Pieter Van Aelst um conjunto de tapeçarias ilustrativas do mito de Édipo no primeiro quartel do século XVI.
Humanista e culto, D. Fernando Vasconcelos dotou o seu palácio de um conjunto de obras, que o definiram como um dos mais importantes representantes da Renascença entre nós.
Num programa, já com uns bons anos, rodado no museu de Lamego, Paula Moura Pinheiro não se coíbe de lançar apetitosa pista explicativa sobre essa escolha do incesto do príncipe de Tebas com a sua mãe Jocasta: pretenderia avisar D. João III para não ceder à tentação de partilhar o leito com a madrasta, a bela Leonor enviada para a corte a fim de ser por ele desposada, mas a quem o pai, D. Manuel se apressara a tomar por rainha?
A acreditarmos nas crónicas da época o novo rei frequentara com censurada frequência os aposentos daquela que ainda viria a ser rainha consorte de França por morte do segundo marido, o rei Francisco I.
Pode-se censurar essa vontade de interpretar a História do passado de acordo com os nossos critérios ficcionais para os quais faltam suportes documentais, que os suportem. Mas John Ford tinha razão, quando defendia serem muito mais interessantes as lendas do que a prosaica realidade. E este é decerto um saboroso exemplo...
Sem comentários:
Enviar um comentário