Foi há trinta e cinco anos: Cinema Paraíso dava-nos o fascínio do cinema como espaço de nostálgica e pertinente subversão no ambiente fascista. Com Toto e Alfredo, o amigo projecionista a quem Noiret deu inesquecível rosto, víamos a sala de cinema como o providencial espaço de fuga, quando se pretendia impor a obrigação de estar na igreja e pressentia-se no Amor a promessa das maiores emancipações. Mesmo à custa de tantos beijos censurados.
A esta distância, e não vendo grandes diferenças entre a Sicília mussoliniana e o salazarento país em que cresci na idade de Toto, só tenho pena, que o cinema português nunca tenha tido um Giuseppe Tornatore capaz de dar a versão lusa desse passado, que alguns teimam em querer ressurgir. Com o mesmo inocente repúdio por algo de tão indigesto.
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