1. Em «Os Céus de Celestina», José Eduardo Agualusa conta como a personagem ganhou nome diferente do pretendido pelo velho Bilal, seu pai, e como o equívoco lhe mudou o carácter: “um desses erros felizes que, se não mudam o mundo, mudam a vida de uma pessoa”. Porque, ao crescer, Celestina “tinha mais olhos para o céu do que para o chão ou para o mar”.
Sem surpresa os vizinhos viram-na construir sólida reputação de meteorologista e pitonisa. O que, na ilha, significava a mesmíssima coisa.
2. Os olhos ascendentes também são os de meia-dúzia de jovens mulheres oriundas de classes populares, que vêm construindo excelentes percursos académicos contra o que o determinismo social tenderia a obstar-lhes. O sociólogo João Teixeira Lopes ouviu-as e abordou-lhes as expetativas e constrangimentos num ensaio agora publicado pela Tinta da Chuna. E como estão decididas a evitar regressões na conquista de um papel ativo, que não era o costumado no ambiente social de que provém.
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