É mais um daqueles filmes sobre que perdi a conta às vezes que o vi, e ignoro quantas ainda o revisitarei com o mesmo prazer: Serenata à Chuva foi realizado por Gene Kelly e Stanley Donen em 1952 e logo me faz evocar Donald O’Connor a exigir que “façamo-los rir”, Gene Kelly a dançar à chuva ou Cyd Charisse numa dança tão sensual quanto onírica.
Três anos antes já Kelly e Donen tinham estabelecido o padrão de ter os números musicais plenamente integrados na narrativa da história em vez desta apenas garantir-lhes o pretexto. E foi um belo achado o de pensarem na ideia de um filme dentro do filme, que justificasse as dificuldades de transição de alguns atores e atrizes do cinema mudo para a novidade representada pelo sonoro. Talvez, por isso, não tenha sido por acaso que o principal papel feminino fosse dado a Debbie Reynolds que, já muito depois dessa revolução, começara por sobressair na dobragem de canções para filmes, sendo convidada a transitar para diante das câmaras e conquistar o destaque sugerido pelos argumentistas do filme.
É, porém, um filme sobre a nostalgia de um tempo definitivamente deixado para trás, quando os musicais da MGM apelavam para o sonho e faziam esquecer da Grande Depressão. Na década de 50, quando as guerras iam-se sucedendo - a vencida contra o nazismo, logo seguindo-se a declarada contra o comunismo de que o conflito na Península da Coreia era um dos diversos sucedâneos - esse sentimento de saudade pelos tempos idos acaba por comportar alguma tristeza.
Pelo sonho deixava-se de ir!
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