Os crimes de hoje contra os palestinianos não têm conseguido mitigar-me o interesse pelo Holocausto. Como se fosse ténue a ligação dos judeus do presente com os que foram trucidados pela máquina de extermínio alemã. Como se os apaniguados de Netanyahu pertencessem a um povo diferente. Aliás o mesmo que se justifica relativamente aos alemães: apesar da sua importante extrema-direita não será lícito associar os de hoje com os antepassados, que integraram a criminosa estratégia “purificadora”.
A Confissão do Mal: as gravações perdidas de Eichmann de Yariv Mozer (2023) confronta os testemunhos do réu do julgamento de 1956 - que iludiram Hannah Arendt a respeito de uma suposta banalidade do Mal - com a sua voz nas gravações colhidas por um nazi holandês, Willem Sassen, quando se julgava a salvo no seu abrigo argentino, e só recentemente devolvidas ao conhecimento público. Nelas é inequívoca a evidência de Eichmann ter estado totalmente consciente do objetivo e resultado da grande operação de transporte para Auschwitz de que foi o grande organizador e executor.
Assim como é ineludível a grande preocupação da Administração norte-americana e do governo da Alemanha Occidental de então com o potencial do revelado a partir de Jerusalém quanto ao que os poderia comprometer numa época em que a Guerra Fria impunha outras prioridades. É que o governo de Konrad Adenauer estava pejado de antigos nazis a começar por Hans Globke, que era o braço direito do chanceler e tivera papel fundamental na redação das Leis de Nuremberga.
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