La Dolce Vita é uma viagem pela capital italiana, que permite descobrir-lhe os mais inesperados recantos e respetiva fauna humana. Mas começa com uma das cenas inesquecíveis do filme: o de um helicóptero a sobrevoar a cidade com uma estátua de Cristo nele pendurada. Ocasião para lembrarmos, que Fellini sempre revelou propensão para a sátira mas, ao mesmo tempo, para o fascínio pela religião. Como se estivesse subjacente uma relação de amor-ódio!
Nessa cena, e noutra a meio do filme - quando os repórteres vão à procura da notícia de uma réplica dos pastorinhos de Fátima! -, há a associação da religião à mais grotesca superstição, mesmo que suportada nas crenças histéricas de uns quantos magotes de crédulos. A inépcia dos fundamentos da crença viria a estar ilustrada em vários outros títulos fellinianos, mas este é o primeiro a abordá-la de forma mais consolidada.
Sem comentários:
Enviar um comentário