quinta-feira, novembro 10, 2022

Miolo: Piet Mondrian

 

9 de novembro de 2022

É fascinante acompanhar Piet Mondrian no longo percurso criativo, que levou-o das opções figurativas inspiradas no tio Fritz - um dos nomes maiores da Escola de Haia nesse final do século XIX -, à extrema depuração dos quadros abstratos, feitos de linhas verticais e horizontais, que resultam em retângulos preenchidos de cores primárias.

Criado num ambiente rústico do leste neerlandês sempre o fascinou a natureza, que reivindicou representar de forma diversa da que, até então, fora vertida para as telas. Como bom filho do país, Piet montou um cavalete na própria bicicleta e, passeando-se pelos arredores de Amesterdão, parou aqui e além para ilustrar o que a paisagem lhe sugeria, sem esquecer os sons tão importantes para lhe enriquecerem a obra.

Foi natural a presença dos moinhos como motivo de inspiração nessa longa transição do figurativo para a abstração e dois quadros, um de 1903, o outro de 1908, servem de bons exemplos sobre essa transfiguração criativa: enquanto um refletia o gosto comum na época e, quiçá, seria do maior agrado dos poucos compradores, que garantiam ao pintor a modesta sobrevivência, o posterior já refletia outra paleta de cores e uma aproximação às estéticas das vanguardas - particularmente aos fauvistas - que lhe inspiraram outras formas.

A viagem a Paris em 1911, quando se deparou com as obras de Braque e de Picasso, alteraram-lhe de vez os conceitos sobre a interligação da natureza com a arte. Ao voltar a Dombourg, onde se instalara no início do século XX, foram outras as perspetivas, que passou a recolher do que via à volta. 

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