Quinze anos depois, a cena mais memorável do filme de Paul Haggis é a do final, quando Hank Deerfield, o veterano interpretado por Tommy Lee Jones, impõe que uma bandeira, desfraldada num edifício público, fique virada ao contrário.
Antes soubéramos o significado dessa incongruência: é um pedido de socorro tendo em conta que já nem Deus parece servir de ajuda a quem dele passou a descrer. Porque ele, que sempre fora um patriota orgulhoso do seu passado militar, depara com uma realidade completamente diferente, quando o filho Mike, acabado de chegar do Iraque, desaparece e, com a ajuda de uma inspetora da polícia (Charlize Theron), já o encontra carbonizado cadáver. Até então pôde compreender o estado de degenerescência nos comportamentos de jovens militares dependentes das drogas e capazes de não mostrarem o mínimo escrúpulo na forma como lidam com as populações dos países, que ocupam.
Que o seu rapaz tenha acabado por ser assassinado pelos colegas numa noitada de bebidas e de procura de sexo fácil não é nada, que o acabe por surpreender quando constata como o seu ideal da América em nada corresponde com aquela de que descobre a corrupta realidade.
É que, mesmo Emily, a inspetora que o ajuda a deslindar a verdade, tem de corresponder àquele típico herói americano de ser cavaleiro solitário contra a instituição a que pertence porque, na verdade, está-se nas tintas para cumprir a missão policial de que deveria ser baluarte.
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