1. Era Wim Wenders, quem considerava todas as histórias contadas apenas mudando a forma de replicadas. E isso é evidente com Submersos, o filme de 2020, realizado por William Eubank em 2020, que só me senti tentado a ver por aparecerem Kristen Stewart e Vincent Cassel no elenco. Embora seja evidente que até os atores e atrizes mais interessantes aceitam fazer coisas que o não são apenas pela necessidade de terem com que pagar os melões. Algo de que não podem gabar-se os produtores por não terem arrecadado receitas mundiais suficientes para verem qualquer retorno no investimento.
A história é a repetição de muitas outras: uma estação de pesquisa e de perfuração no fundo do mar, mais precisamente na Fossa das Marianas, é afetada por um terramoto e começa a colapsar. Norah, a engenheira mecânica, que Kristen Stewart protagoniza, começa a minimizar os danos e a resgatar os colegas sobreviventes, mas a situação vai-se agravando progressivamente até por entrarem em cena uns monstros marinhos apostados em ganharem direito a almoço. Como de costume o rol de vítimas vai crescendo com conta, peso e medida, depois de por elas termos ganho alguma simpatia. Os ataques das vis criaturas acontecem quase sempre às escuras para facilitarem o trabalho aos especialistas em efeitos especiais e criarem algum suspense.
No final há direito a sacrifícios heroicos e a salvamentos improváveis, deixando-nos a sensação de já termos visto este tipo de histórias não se justificando, que sejam repetidamente imitadas.
Curiosamente, três anos antes, Wim Wenders também rodou um filme com o mesmo título, mas sem qualquer relação possível nem com a (falta de) qualidade deste filme, nem com o argumento em si.
2. Ruben Alves ganhou notoriedade com um título, que encheu cinemas por todo o país - A Gaiola Dourada -, mas não repetiu o feito com este: Miss é a história de um rapaz que, desde criança, alimenta a ambição de ganhar a eleição de Miss França. Com a ajuda de um conjunto improvável de amigos lá vai conseguindo vencer as sucessivas etapas até ao momento culminante, que acaba num expectável escândalo.
Ficamo-nos pela mensagem final, dada pela organizadora do concurso, que liberta-se da incumbência concluindo que, à custa de tanto se focalizar na forma, acabara de perder de vista o conteúdo.
Embora inovando algo neste tipo de tema, o filme pouco mais é do que um entretenimento com alguma graça, que se vê sem lamentos pelo tempo a ele consagrado.
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