Os cenários de ruínas em que a Ucrânia está convertida podem remeter para um futuro sombrio como o que os irmãos Strougatski criaram no seu assombroso «Stalker» a que Tarkovski concedeu não menos impressiva versão cinematográfica. Sobretudo se o perigo nuclear não se ficar pelas ameaças e ganhar expressão concreta num anódino carregar de um botão.
A obra dos irmãos russos não comporta apenas esse lado distópico como o demonstra a recente edição francesa do seu Ciclo do Meio-dia, antologia de quase mil e trezentas páginas com os seus dez romances e mais umas quantas novelas situadas no século XXII. A sociedade humana terá então alcançado uma dimensão ideal sem guerras, nem dinheiro, e com um governo bonançoso apostado na prospeção do Universo. Mas, inesperadamente, um mistério cósmico tenderá a ser o grão de areia capaz de travar a engrenagem. É uma história do futuro bem diferente da conhecida na literatura anglo-saxónica (Isaac Asimov, Robert Heinlein) e com títulos sugestivos como «É difícil ser Deus», «O Besouro na Termiteira» ou «O Longínquo Arco-íris».
Proposta bem capaz de pôr abundantemente a salivar os apreciadores da ficção científica como eu, impenitente, me confesso.
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