Eis-me a subscrever o que a tantos ouvi: chega-se a determinada altura da vida em que a descoberta de novos livros ou filmes não equivale em prazer ao reencontro com quantos nos deram prazer no passado. Ou pelo menos testar até que ponto eles continuam a justificar a boa memória, que deles guardamos.
Por isso relemos agora «A Máquina de Fazer Espanhóis» de valter hugo mãe, sobre o qual me pronunciarei em texto à parte, ou reencontramos os filmes de Woody Allen ou de John Landis, objeto deste.
Comecemos então por «Vicky Cristina Barcelona», rodado em 2008, enquanto hino ao amor e aos demais prazeres da vida. Passando férias em Barcelona as norte-americanas Vicky e Cristina sucumbem ao sortilégio de um macho latino, Juan Antonio, sem suspeitarem da possibilidade de, muito em breve, verem-se envolvidas num autêntico quadrilátero amoroso, porque junta-se-lhes Elena, a instável ex-mulher do sedutor.
Embora nunca dê por desperdiçado o tempo investido a ver-lhe os filmes, Allen criou um dos menos interessantes da sua filmografia, talvez por sair da zona de conforto dos temas mais comuns, que lhe conhecemos. Mesmo contando com os desempenhos de Rebecca Hall, Scarlett Johansson, Javier Bardem e Penelope Cruz, o realizador não consegue livrar-se do espartilho de se tratar de um filme de encomenda, que deve prestar-se ao interesse dos produtores em publicitar os pontos turísticos mais conhecidos da capital catalã, mesmo sendo evidente a preferência óbvia de Allen pela cidade de Oviedo, que o fascinara cinco anos antes, quando ali fora protagonista de memorável homenagem.
Melhor experiência foi a da revisão de «O Dueto da Corda», que já não visitava desde o milénio passado. Se muitos dos gags são previsíveis, que prazer enorme fica dos momentos com Aretha Franklin, Ray Charles, James Brown, Cab Calloway, John Lee Hooker e outros grandes nomes do blues ou da soul music! A partir da missão divina dos irmãos Jake e Elwood para salvarem o orfanato onde tinham passado a infância sob o comando da temível Pinguim (deliciosamente interpretada por Kathleen Freeman), são perseguidos por um temível grupo de perseguidores, que incluem, além dos polícias e militares, uma ex-noiva despeitada (Carrie Fisher) e um grupo de irascíveis cantores de música country, tudo resultando numa impressionante destruição de viaturas como não me lembro de ter visto num qualquer outro filme.
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