1. Contou-o Fernando Rosas num dos seus programas sobre a História da África: as credenciais progressistas do general Norton de Matos, candidato da Oposição democrática em 1949 e, anteriormente, braço-direito de Afonso Costa durante a Primeira República, deixaram muito a desejar, mormente nas políticas coloniais da 1ª República. Se nos dedicarmos à leitura dos seus livros sobre Angola, onde foi governador-geral, é evidente a crença na congénita inferioridade dos “indígenas” a quem não reconhecia outro préstimo que não o de se deixarem civilizar pelos brancos através dos trabalhos forçados.
Muita fome terá decorrido da convocação desses escravos por colonos, que os impediam de cultivar as próprias terras, lhes não davam alimentação bastante e até não se privavam de lhes violar as mulheres.
Embora ainda subsistam muitos defensores dos mitos da «África Portuguesa» é evidente que a História colonial está pejada de sinistros crimes, que não se esgotam na ignomínia do tráfico de escravos...
2. Chandigarh é uma das cidades indianas de que nunca nos lembramos, quando queremos invocar as que são mais relevantes. E, no entanto, é a capital do Pendjab e, construída, depois da independência, teve origem num plano de Albert Mayer depois preparado por Le Corbusier. O que justifica a merecida reputação junto dos que se interessam por urbanismo.
A cidade estava dividida em setores retangulares com 800 e 1200 metros como medidas dos respetivos lados, ficando ao centro aquele onde se concentrava o comércio, a restauração, os hotéis e os bares. Os demais contam com zonas de habitação (burguesa e social), um centro comercial, zonas de trabalho, equipamentos desportivos, templos e espaços verdes.
Le Corbusier também renovou na criação de um sistema de circulação hierarquizado em sete vias, que garantiu a fluidez do tráfico, de tal forma que, ainda hoje, apesar de contar mais de um milhão de habitantes - ou seja o dobro dos previstos nos planos do arquiteto franco-suíço! - demonstra a sua eficácia.
E ainda é possível atravessar a cidade de norte para sul, apenas atravessando os jardins do Leisure Valley.
3. Sociedad Española de Automóviles de Turismo foi o nome escolhido pela ditadura de Franco para lançar uma marca de automóveis, que adotaria a letra inicial de cada uma das palavras, que crismavam a fábrica de Martorell e contava com o beneplácito tecnológico da Fiat.
Em 1950 deu substância à estratégia do regime em sacudir o isolacionismo em que se sentia condicionado depois de derrotado nazi-fascismo com que se identificara de forma tão óbvia.
Aproveitando o anticomunismo da Guerra Fria, e sempre mantendo a beata ideologia nacionalista, lançava-se uma estratégia de desenvolvimento económico que, aqui ao lado, Salazar só pretenderia replicar mais tarde, mas sempre duvidando dos benefícios de uma modernização capaz de pôr em causa os fundamentos da sua embotada crença num Portugal rural e de “bons costumes”...
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