terça-feira, março 17, 2020

(DIM) Um Adeus Português (1986)


Voltar a Um Adeus Português é a oportunidade para reencontrar um conjunto de atores , que tanto admirámos e cuja recordação se vai evaporando das memórias. Falo de Ruy Furtado, Isabel de Castro, Henrique Viana, até mesmo de Maria Cabral, que foi dada fugazmente como um dos rostos do novo cinema europeu e dele se despediu com este filme, mudando-se definitivamente para França.

Há a Guerra colonial com o absurdo de condenar toda uma geração a para ali vegetar com obrigação para matar e morrer, sem nenhum outro objetivo, que não o de secundar a criminosa teimosia de um ditador.
Contam-se igualmente os que ficaram na metrópole, também eles em suspenso, ora reduzidos à evocação de mortos, ora temendo seguir com a vida em frente por receio do que outrem ajuizaria sobre umatentação quase tida como pecaminosa, e por isso vivida clandestinamente.
Sem poder adivinhar que pouco faltaria para o país entrar no insuportável primeiro decénio cavaquista, João Botelho traçava do país a resignação com o constrangimento a uma branda frustração, a exemplo da que Alexandre O’Neill concebera no poema com o mesmo título que o filme.
Um Adeus Português tem a ver com a improvidência lusa em, de vez em quando, escolherem-se para governantes quem inferniza a sua vida em vez de fazer por a melhorar...

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