1. Seria o mestre Aquilino o detentor da terceira carabina envolvida no atentado ao rei D. Carlos? A lenda não comprovada, se não verdadeira, é pelo menos bem esgalhada, como diriam os italianos. Porque, dada a eficácia quase total da ação de Alfredo Costa e Manuel Buíça - falhou-lhes só o efémero D. Manuel! - o futuro escritor ter-se-ia dispensado de entrar em cena resguardando-se para iniciativas futuras.
Que as faria se delas se incumbisse sem sombra de dúvidas, porque o bombista carbonário e bem sucedido foragido das prisões, que lhe procuravam conter o ânimo contra as ditaduras, nunca foi homem para ter medo. Pelo contrário até já em velho resolvia à chapada no Chiado as contendas em que se sentisse ofendido.
Grande Aquilino, que bem merece a releitura atenta das suas obras!
2. Hiperrealista, assim classificou a crítica a pintura de Rose Bonheur, que viveu entre 1822 e 1899.
Bem sucedida no seu tempo seria, depois, esquecida, porque diversas vanguardas se foram sucedendo, tornaram-na obsoleta. Até ser recuperada já neste século como ícone feminista, não só por conseguir viver do seu ofício (na época coutada quase exclusivamente masculina!), mas também não disfarçar exageradamente o pendor para os amores sáficos.
Olhando-lhe para os quadros, sobretudo os de animais em cenários campestres, reconhece-se a competência dentro do âmbito declaradamente figurativo.
3. A indústria das penas de avestruz tem tanta importância para a África do Sul, que seria impensável a exuberância dos adornos do Carnaval do Rio sem a matéria prima daí oriunda.
No final do século XIX o fulgor dessa industria era tal que não havia mulher burguesa, europeia ou americana, que dispensasse os vistosos chapéus, qual deles o mais extravagante. Milhares de aves eram criadas nas vastas extensões do país dos bóeres para serem sacrificadas em prol da vaidade feminina de então.
Só que inventaram-se os carros, muitos deles descapotáveis, a deslocarem-se cada vez mais aceleradamente o que tornava inevitável a opção por chapéus mais simples, propícios para manterem-se agarrados às cabeças. Esse foi o momento da maior crise de quem vivia desse negócio.
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