Pecado infantil das esquerdas tem sido o sectarismo que, interna e externamente, as tem mobilizado umas contra as outras em vez de priorizarem o foco da luta para o campo contrário, o das direitas (extremas ou mais “centristas”), que deveriam ser sempre o seu inimigo principal.
Numa altura em que vemos o Bloco e o PC a definharem sou daqueles socialistas, que lamento tal quebra por saber sanáveis as divergências com o que defendem ao contrário do que sucede quanto às iníquas conceções de quem quiseram (hélas!) servir de involuntários aliados.
O filme de menos de uma hora, que Nanni Moretti rodou em 1990, e a que deu como título A Coisa, deveria ser de visão obrigatória para todos quantos militam à esquerda por nele se assistir ao debate interno dentro do Partido Comunista Italiano, quando a implosão do bloco soviético levava Achille Occhetto a deixar para trás os símbolos e nomes, que haviam constituído a identidade de tantas gerações.
À distância pode-se concluir a ideia foi tão esdrúxula, que fez definhar o campo progressista italiano nas décadas seguintes e possibilitou a realidade atual, que é a de terem fortalecido inimigo agora liderado por Meloni.
Não ceder no essencial é óbvia conclusão só o adaptando às novas circunstâncias de vivermos numa realidade tão manipulada pelos espaços mediáticos, pelas redes sociais e seus algoritmos. Até por continuar pertinente um dos principais ensinamentos de Karl Marx: as lutas de classes vão evoluindo à medida que mudam os meios de produção. Que não põem em causa a sua eterna continuação...
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