Os filmes são do piorio, quase competindo com Ed Wood (o verdadeiro!), mas sempre marco presença na sua apreciação, quando me passam ao alcance. E Ataque da Mulher Gigante, que Nathan H. Juran realizou em 1958 mostrou-se tão mauzinho que ele escusou-se a assiná-lo com o nome verdadeiro escondendo-se atrás de pouco hábil pseudónimo: Nathan Hertz.
Todos esses filmes da década de 50 com alienígenas capazes de ameaçarem americanos ordinários - no sentido inglês do termo: ordinary - tinham subjacente o medo dos ataques nucleares ou das radiações que, no íntimo temiam provenientes da União Soviética. Se, ainda hoje em dia, o americano médio reage com fortes reticências, quando um político lhe acena com o socialismo, como têm feito os corajosos Sanders ou Ocasio-Cortez, a explicação passa pela forte campanha anticomunista lançada por Hollywood na sequência da caça às bruxas do senador McCarthy.
As histórias são sempre um sucedâneo do estereotipo em que uma nave extraterrestre chega à Terra e começa a causar alterações nos pacatos cidadãos: a uns encolhe-os como sucedeu com o protagonista do filme de Jack Arnold, que continua a ser um dos melhores da estirpe. A outros transforma em zombies, então crismados de profanadores de sepulturas. No caso deste filme agiganta-os, tornando-os monstros, que só a providencial explosão de um transformador de média tensão consegue eliminar.
A mensagem era óbvia: os que ameaçavam o sonho americano pretendiam alterar as mentes das incautas vítimas de forma a tornar caótica uma sociedade tão “idealmente” organizada. E o que de melhor poderiam fazer os espectadores nas plateias senão porem-se de sobreaviso e alertarem o providencial FBI quanto a uma qualquer ameaça latente? Tudo isto construído com os risíveis efeitos especiais propiciados por tão irrisórios orçamentos. E o elenco era formado por gente quase anónima arrebanhada entre os saldos dos estúdios.
O estranho é este Attack of the 50 Foot Woman ter-se tornado num fenómeno de culto tão intenso, que não faltou quem o tenha refernciado em muitos filmes e séries televisivas, onde imagens ou o seu poster figuraram como elementos da cenografia. E, nos anos 90, Daryl Hannah até protagonizou uma remake, que não deixou saudades, nem mesmo nos cinéfilos mais picuinhas.
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