Será consensual reconhecer que a Mona Lisa de Leonardo da Vinci é uma das maiores obras-primas da Arte ocidental. E, no entanto, até 1911, altura em que, roubada, desapareceu do Louvre durante dois anos, ela passava quase despercebida na sala onde estava exposta, sendo apenas reconhecida por irrisório punhado de especialistas. Dai se concluir que o critério para definir o que é uma obra-prima está longe de se quedar pela sua efetiva valia estética.
Ademais desconhecemos totalmente como era o seu aspeto original: os (quase sempre deploráveis) restauros e limpezas nela efetuada nos seis séculos entretanto decorridos alteraram-lhe totalmente o aspeto. Por um lado o alvaiade, que servia de primário à madeira sobre o qual Leonardo a pintou foi-se degenerando de forma a prejudicar a nitidez das cores originais. Ademais Vasari, que descreveu o quadro cerca de meio século depois, enfatizou a maestria do artista na pintura das pestanas, que hoje são-nos totalmente invisíveis. Porque uma dessas limpezas as eliminou? Provavelmente.
E que dizer da Mona Lisa de Isleworth, descoberta numa casa de campo pelo colecionador Hugh Blaker, por este reivindicada como da autoria do mestre da Renascença? Porque as falsificações são mais facilmente denunciadas pela parte traseira do quadro, por ser a mais inalterada, constitui semiprova da sua genuinidade a falta de vontade do seu proprietário em facultar-lhe a sua análise, provavelmente conclusiva quanto à data e autoria de quem a criou.
Três abordagens complementares para questionar as razões, porque somos levados a crer na superior importância de umas obras em detrimento de outras...
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