A primeira vez que ouvi falar de Oliver Sacks foi quando vi um filme impressionante sobre a experiência real por que ele passara enquanto médico de um hospital para doentes mentais. «Despertares» ficou-me para sempre na memória pelos papéis de Robin Williams a personificar tal médico e de Robert de Niro como um dos doentes.
Desde então fui olhando com alguma curiosidade para o que Sacks ia escrevendo, devendo-se-lhe textos ficcionais, bastante conotados com a sua realidade clínica, em que muitos dos distúrbios do cérebro iam sendo descritos.
Era, igualmente, quase universal a estima, que merecia de quantos o conheciam: gentil e solidário, não se conhece quem dele ousasse dizer mal.
Foi, por isso, com alguma consternação, que se recebeu a revelação da sua iminente condenação devido ao estado terminal para que a doença o empurrava. Daí que a notícia da sua morte não tenha constituído qualquer surpresa. Até porque a luta contra o melanoma, que se fora alastrando a outras zonas do corpo, foi por ele combatido com determinação e recorrendo às terapias mais avançadas para o debelar.
Até ao fim - e era isso que ele ia confessando na coluna regular, que mantinha no New York Times - Sacks sempre fez lembrar aquilo que a avó Josefa dissera um dia ao seu neto José (Saramago): “O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!»
Aos 82 anos de uma vida plenamente usufruída, ele sentia ter ainda tanto por aprender...
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