sábado, setembro 26, 2015

DIÁRIO DAS IMAGENS EM MOVIMENTO: Magia ao Luar

Os críticos costumam minimizar os filmes mais recentes de Woody Allen considerando-os preguiçosos e motivados pelas necessidades egocêntricas do realizador.
Ao ver «Magia ao Luar» só tenho de discordar de um crescente preconceito, que se vai manifestando a seu respeito, se bem que, eu próprio, prefira a fase criativa em que assinava títulos como «Manhattan», «Radio Days» ou «Zelig».
Se me pusessem na contingência entre ver um filme qualquer, que a crítica classifique de cinco estrelas, e um dos mais recentes de Woody Allen, quase por certo a opção seria a última. Porque, mesmo esquecendo-os rapidamente, os últimos títulos do realizador continuam a ser inteligentes, divertidos e com uns diálogos admiráveis.
No caso deste filme temos um ilusionista talentoso, que olha à sua volta e vê confirmados os mais cínicos ensinamentos colhidos em Nietzsche. No entanto, logo se vê enredado numa engenhosa armadilha em que o feitiço se volta contra o feiticeiro, fazendo-o cair nas mais emotivas pulsões românticas. Até retomar o anterior equilíbrio, porque descobre ter-se limitado a cair num logro.
Mas quem prova as delícias do enamoramento é bem capaz de não conseguir retomar a antiga misantropia. E ei-lo, afinal, a sair transformado de uma experiência capaz de o virar do avesso quanto aos seus cristalizados preconceitos.
Quantos filmes atuais são capazes de nos desafiarem para uma tão estimulante dualidade entre a fria racionalidade e as destemperadas emoções amorosas? 

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