Se há coisas, que me tiram do sério e alimentam a capacidade em me indignar é a tendência da maioria da população para, nos seus gostos culturais, preferir os produtos indigentes às criações sérias e inteligentes.
Execro tudo o que é pimba, desde a música dos tonis aos filmes dos leonéis, sem esquecer a boçalidade das produções televisivas destinadas ao “entretenimento” das massas.
O estado a que chegámos, com a quantidade de pessoas a proferirem alarvidades sobre os «políticos», sem sequer entenderem o seu papel na preservação dos que só lá estão para os tramar, tem muito a ver com as canções românticas destinadas aos corações piegas ou as recriações das comédias cinematográficas do Estado Novo, fabricadas sob a supervisão de António Ferro e António Lopes Ribeiro para manterem firme a cadeira do botas de Santa Comba Dão.
É infame que essa coisa indigesta chamada «Pátio das Cantigas» tenha centenas de milhares de espectadores e «As Mil e uma Noites» de Miguel Gomes pene para conseguir umas dezenas.
Provavelmente será preciso que aconteça algo de semelhante a Saramago - um estrondoso reconhecimento internacional - para que mais uns quanto se arrisquem a pôr as meninges a trabalhar perante filmes demasiado desafiantes para a preguiça neles alimentada pelas imagens quotidianas impingidas pelas televisões.
E que Vhils tenha conseguido criar a primeira instalação espacial para o novo filme de Miguel Gonçalves Mendes, acentuando o prestigio crescente de ambos na cena internacional, pouca atenção merecerá, quando a tudo se sobrepõem os inquéritos e subsequentes discussões que um qualquer rui santos vai apresentando a respeito de uns fulanos ocupados aos fins-e-de-semana em andarem atrás de uma bola de um lado par ao outro durante hora e meia. Francamente não há paciência...
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