Por estes dias o mundo livreiro está a ser sacudido pelo lançamento do quarto volume da série «Millenium» um pouco por todo o lado.
A tradução portuguesa ainda não está disponível, mas decerto não tardará, já que também por estas bandas fez sucesso a trilogia escrita por Stieg Larsson antes de ser acometido de um ataque cardíaco fulminante no sexto andar do seu prédio em Estocolmo.
Pessoalmente, embora a leitura das primeiras páginas desta sequela - facultadas na edição desta semana do «L’ Obs» - me tenha despertado algum interesse, assumo uma posição de princípio contra ela: é que vai beneficiar uma vez mais os herdeiros oficiais de Larsson - com quem ele tinha conhecidas desavenças! - e não a sua companheira durante trinta e dois anos, essa Eva Gabrielsson, que seria espoliada dos seus legítimos direitos sucessórios por nunca ter oficializado a união de facto com o escritor. Ela ficou privada, sobretudo, do direito moral de aceitar ou não, que a história prosseguisse por outro autor.
Confesso-me, pois, de acordo com a maioria da intelectualidade sueca, que apela ao boicote deste quarto volume. Mesmo que David Lagercrantz tenha respeitado a tónica dos romances escritos por Larsson no respeitante à revolta contra as injustiças e as mentiras, defendendo o direito à transparência dos comportamentos políticos.
Se Lagercrantz pretendia abordar a temática da inquietante espionagem das nossas vidas a partir dos servidores da NSA não precisava de se valer de Lisbeth Salander. Mas quase por certo não alcançaria os milhões de exemplares, que conta vender á conta da vampirização dos personagens do predecessor.
Por engenhosa e bem escrita, que seja esta versão, ela significa uma despudorada estratégia de embolsar ilegitimamente fortunas à conta de quem contra elas muito porfiava.
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