Em cada fotografia esconde-se uma história a ser contada. Escreveu-o a fotografa franco-suíça Sabine Weiss, que desapareceu quase centenária em 2021. E Robert Doisneau, seu colega na agência Rapho, com quem sentia efetivas afinidades quanto ao objetivo da fotografia, realçava justificar-se determo-nos mais do que breves cinco minutos perante cada uma das suas imagens e adivinhar essas possíveis narrativas.
Não imagino quantas vezes estive diante delas, mas sei ter tido comportamento contrário ao pressuposto por quem ficou assaz conhecido com o enquadramento de um beijo junto ao edifício da camara municipal parisiense. As disponibilidades de tempo sempre foram curtas perante tanta oferta de estímulos nas exposições, ou museus, onde as vi e já não irei a tempo de mudar quando a fatal ampulheta está demasiado vazia na parte de cima.
O documentário de Camille Ménager a ela dedicado - Sabine Weiss, um Século de Fotografia (2022) - abre a apetência por olhar de outra maneira esses testemunhos de gente de todas as idades e classes sociais com que ela quis apreender as atitudes, as poses, a forma de se vestirem. E compreende-se a frustração da realizadora, quando confessa ter chegado demasiado tarde ao seu projeto: a artista morreu-lhe antes de conseguir perguntar-lhe tudo quanto imagina ter tido importância.
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