sábado, setembro 02, 2023

La vie de bohème, Aki Kaurismäki, 1992

 

A net tem destas vantagens: ver um filme pouco conhecido de Aki Kaurismäki, mas essencial para entender quanto fora apressada a pressa em acantoná-lo num tipo de cinema social, que levara alguns a qualificar alguns dos seus filmes anteriores como pertencentes a uma “trilogia do proletariado”.

Ao adaptar o romance de Henri Murger, que dera origem à conhecida ópera de Puccini, Kaurismäki satisfez a vontade de dar-lhe versão filmada quando, a meio da década de 70 era um anónimo funcionário dos correios finlandeses, e ficara rendido à que considerara uma “história maravilhosa”.

Fiel à intriga, apenas situando-a num indefinido presente, explora as vicissitudes por que passam três amigos sem grande condão para ganharem o sustento, mas solidários na partilha do pouco que possuem. Há um pintor (Rodolfo), um escritor (Marx), um compositor (Schaunard) e, sobretudo, Mimi, que justifica um nível de comoção mais intenso do que a da sua personificação operática por algumas das mais conhecidas sopranos dos teatros de ópera.

É uma descoberta que vale bem o tempo a ela dispensado. Até porque, além do ator que tanto lhe serviu de alter ego, Matti Pellonpãã, o elenco também integra André Wilms, Jean-Pierre Léaud, Samuel Fuller,  Louis Malle,  e sobretudo a surpreendente Evelyne Didi, que ficamos a lamentar nunca ter encontrado outros filmes à medida do seu óbvio talento. 

Sem comentários: