Escritor por descobrir em tradução portuguesa, Jordi Soler tem abordado a Retirada, nome dado à fuga dos republicanos através dos Pirenéus em 1939, quando se consumou a vitória franquista na Guerra Civil. Nascido no México na comunidade de exilados catalães, ele vive atualmente em Barcelona onde se sente mais confortável com a sua identidade.
Em 2004 publicou Los Rojos de Ultramar (2004) sobre aqueles que conheceu na infância e juventude além-Atlântico mas, cinco anos depois, no terceiro romance, La Fiesta del Oso, já trata dessa travessia pelas montanhas em que um tio terá perdido a vida. Para o procurar Jordi chegou a demandar as praias de Argéles-sur-mer onde o governo francês instalou um campo de concentração para prender os refugiados do país vizinho, que tratou como indesejáveis, tão próxima era já a sua ideologia do que seria o futuro regime pétainista. Mas, salvo um memorial ali existente, nada mais assinala o drama de centenas de pessoas, que muito sofreram para não morrerem de frio nos meses que se seguiram ao início da Segunda Guerra.
No romance o protagonista Arcadi acaba por ser melhor sucedido ao descobrir que Oriol não terá afinal morrido na altura em que a família o considerara, mas ainda sobrevivia numa prisão onde cumpria pena perpétua por ter assassinado uma miúda encontrada num bosque pejado de seres enormes e monstruosos.
O título do romance tem a ver com o dia em que o faz: aquele em que, em Mollo-la-Preste, se comemora a Festa do Urso, com a representação do combate de homens com outros disfarçados de temíveis feras.
Aquele que fora um pianista idolatrado pela família perdera a condição de herói para se tornar motivo da sua vergonha.
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