Em 1892 Claude Monet voltou a Rouen para superar a frustração vivida duas décadas antes, quando multiplicara esforços para captar a Catedral da cidade e não conseguira sair satisfeito do desafio. Com outro saber, feito da experiência desde então acumulada em tantas obras, julgou-se em condições de captar os matizes de cores nela percetíveis ao longo das várias horas do dia e, sobretudo, dependentes dos humores de uma meteorologia, que ora a iluminavam com o brilho intenso do sol radioso, ora os viam filtrado pelas nuvens mais ou menos densas.
Para iniciar a empreitada, que se traduziria numa trintena de quadros, Monet subiu à colina de Santa Catarina para vislumbrar o enquadramento da vista geral da cidade e da centralidade do monumento na paisagem. O resultado foi o quadro, que podemos encontrar no Museu de Rouen, e anunciador do período áureo do impressionismo.
Apesar dos nenúfares do jardim de Giverny, foi em Rouen, que o pintor alcançou a dimensão mais esplendorosa da sua obra.
Dezanove anos depois, quando Pierre Bonnard pintou a Marina da Baía de Arcachon, já parecia esgotado o filão estético anterior e buscava-se o regresso a um certo imaginário, que se coadunasse com a preocupação em representar o real tal qual se via. Membro da corrente nabi, Bonnard era o típico pintor do ar livre, buscando inspiração na luminosidade das costas francesas, seja nas da Normandia, da Côte d’Azur ou da Baía de Arcachon.
No caso desta última justificava as longas estadias na região por serem aconselhadas pelos médicos de Marta, a companheira e musa, que possuía pulmões particularmente frágeis e deveria recuperá-los em clima mais bonançoso, que o do norte.
Integrando a coleção do Museu d’Orsay o quadro aqui referenciado foi um dos muitos que Bonnard pintou e de que tinha garantido compradores certos, tanto mais que as praias da região tinham-se tornado particularmente frequentadas por quem a elas ganhara facilidade de acesso com a chegada da linha ferroviária.
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