1. Só agora apreciámos a coprodução luso-espanhola sobre o Montado enquanto bosque do lince ibérico. E é de enaltecer a qualidade de um documentário, que dá conta da paisagem identitária de uma região transfronteiriça onde a riqueza da vida selvagem se mostra ameaçada pelas alarmantes consequências das alterações climáticas.
Nem sequer se trata de uma destruição causada pela substituição capitalista do uso da terra por culturas mais rentáveis, como sucede noutras zonas do Alentejo: bastam as sucessivas secas e a facilitada profusão de doenças nos sobreiros e azinheiras para o precário equilíbrio atual tender para um infecundo matagal prenunciador do deserto, que ali se poderá depois impor.
O alerta para um futuro, que importa prevenir...
2. Em 2020 Stanislas Kraland realizou Notre Dame, a Catedral Eterna para explicar como a notável competência dos construtores do século XII foi determinante para poupar o monumento da sua total destruição aquando do incêndio do ano anterior. E embora chegue a ser enfadonho para quem se contentaria com uma síntese menos detalhada de todos os conhecimentos geométricos e construtivos induzidos na obra (mormente na distribuição dos esforços e na invenção dos arcobotantes), ou no enaltecimento da inédita utilização da luz exterior na iluminação do seu gigantesco interior, fica a consciencialização de como os sinos nas torres das igrejas contribuíram para expressar o poderio da igreja, que assinalava, a quem os ouvia, a convocação para os seus rituais.
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