domingo, março 26, 2023

Deturpar o que, na arte ou no clima, é natural


1. Por tudo o que representa, A Origem do Mundo de Gustave Courbet é das obras, que mais admiro na História da Arte. Porque rompeu com o puritanismo de todos os poderes políticos e religiosos dos séculos anteriores quando condenaram a inocência da representação dos sexos durante a Antiguidade grega, e depois não se cansaram de os tapar com parras de uvas, ou outros biombos visuais,  tão-só o catolicismo se impôs como fundamento da transformação em tabu de uma das mais naturais expressões da condição humana.

O documentário Cache sexes de Agnès Obadia recorre a muitas das informações contidas num ensaio rigoroso da autoria de Sylvie Aubenas e Philippe Comar no qual já se conjugavam as opiniões de historiadores, sociólogos e outros sábios, na elucidação em como a humanidade bem melhor seria sem os fantasmas e preconceitos alimentados por essa contínua intenção em verberar como pecado o que nunca deveria ter deixado de sertão natural quanto o respirar ou o alimentar-se.

2. São mistérios, que a ciência começa a compreender: porque existem desertos em África ou na Austrália e, nas mesmas latitudes, eles não surgem no leste do subcontinente latino americano? Ou porque existem furacões na América do Norte e, nas mesmas latitudes do hemisfério sul não se vislumbra nenhum sobre a Argentina?

Pascal Cuissot, que fez o ponto da situação no documentário O Mistério dos Rios Voadores da Amazónia dá voz aos cientistas, que explicam a forma como as árvores da floresta amazónica absorvem a água dos solos em que estão implantadas e criam uma espécie de fluxo de vapor de água na atmosfera capaz de incidir favoravelmente no clima de todo o planeta. O que torna ainda mais perigoso todo o fenómeno da desflorestação, que Lula dificilmente conseguirá travar. 

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