O filme de Olivier Julien já tem dois anos mas, fora dos circuitos especializados nos estudos das origens da espécie humana, pouco tem sido divulgado, e sobretudo quanto não se alterou o paradigma vigente sobre onde ela revelou os seus mais antigos vestígios.
Para a maioria dos interessados no assunto a resposta comum será a dos homo sapiens terem surgido em Omo Kibish, na zona etíope do Vale do Rift de acordo com as descobertas aí feitas em 1967 sob a orientação de Richard Leakey. E, no entanto, os achados encontrados numa pedreira de Jebel Inhoud em Marrocos, a partir de 1960, depois de devidamente estudados e datados, superaram em muito os 195 mil anos reconhecidos para os da África Oriental: em vez dos quarenta mil anos inicialmente considerados, a termoluminescência - método mais preciso que o carbono 14 - concluiu tratarem-se de crânios, ossadas e ferramentas de há mais de trezentos mil anos.
Ficou assim posta em causa a tese do surgimento do homo sapiens na região anteriormente anunciada, donde se expandira em todas as direções para a Ásia e a Europa, ganhando credibilidade outra teoria, a da sua existência anterior noutras regiões do continente africano ainda por serem desvendadas. Estamos, pois, perante a incontornável demonstração da efemeridade do conceito de verdade científica: algo tido como certo até prova em contrário, que a substitua por uma outra.
Nos despojos humanos encontrados na pedreira marroquina os investigadores - nomeadamente Jean Jacques Hublin, Abdelouhed Ben-Naer, Shannon McPherron ou Daniel Richter - concluíram que ostentavam características mais arcaicas, que as constatadas nos das margens do rio Omo. E que, mediante o uso de sílexes primitivos, aqueles nossos antepassados procuravam caçar o seu alimento predileto: as gazelas da região.
Aprofundando a sua investigação os cientistas até concluíram quanto à causa da morte de uma família cujos cinco membros apareceram sepultados no mesmo espaço: um aluimento na gruta onde se tinham resguardado de possíveis ameaças!
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