sexta-feira, abril 15, 2022

O Grande Museu Egípcio, Jeremy Frei, 2020

 

É a velha história da galinha da vizinha: no mesmo dia em que revisitei o Mauritshuis em Haia, vi à noite este documentário de Jeremy Frei sobre o enorme museu construído no Planalto de Gizé em frente às Pirâmides e salivei de gula pela improvável possibilidade de algum dia o vir a visitar depois da sua (agora) projetada inauguração em novembro deste ano.

Mas como ficar indiferente a uma tão detalhada informação sobre o seu projeto arquitetónico da autoria do gabinete de arquitetos Heneghan Peng? Quer pela fachada de vidro, que permite uma perspetiva incrível das três obras milenares, quer na forma como com elas se criou uma triangulação a partir das paredes do novo edifício e da sua mediana, quer ainda com o alabastro que as revestem numa justaposição de outros triângulos maiores e menores, quer enfim pelos enormes jardins destinados a garantir aos cairotas o espaço público de que estão tão carecidos, tudo se conjuga para considerar este um dos mais incontornáveis museus do mundo a visitar.  Se desconhecia até agora o talento de Shi-Fu Peng e de Róisin Heneghan decerto os terei na mira como arquitetos cuja produção importa acompanhar.

Há depois o mais importante: as obras expostas dentro e fora do Museu. No átrio interior está a gigantesca estátua de Ramsés II, que Nasser mandara instalar numa das praças da capital e ai acabara desvalorizada por todas as construções depois erguidas à sua volta. E há o espólio encontrado por Howard Carter no túmulo de Tutankhamon, depois de competentemente restaurado pelo laboratório instalado, igualmente, na área adjacente à do museu, mas quase passado despercebido por ter quase toda a sua volumetria debaixo do chão.

Não é que seja cómoda, muito menos financeiramente comportável, a viagem ao Egito, que ainda suporta a ditadura de el-Sisi - embora a suposta democracia caótica dos Irmãos Muçulmanos não tenha sido melhor! - e onde nada se alterou que resolvesse os problemas sociais aí existentes. Mas que dá vontade de lá voltar depois de terem passado tantos anos sobre lá ter estado, lá isso dá...

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