Convenhamos que esperava bem mais deste filme da dupla de realizadores conhecida há dezena e meia de anos atrás, quando “A Perfect Day” e “Eu Quero Ver” passaram pelos ecrãs.
No Quebeque em vésperas do Natal, três gerações de mulheres da mesma família (avó/mãe/ filha) reagem diferenciadamente à inesperada chegada de uma caixa com uma multiplicidade variada de documentos oriundos da amiga de uma delas, cuja notícia da morte brutal num acidente de viação acaba por ser esclarecida.
Maia proíbe liminarmente a filha, Alex, de ver o conteúdo dessa caixa mas, a contas com o desconhecimento que a mãe lhe impõe, a adolescente aproveita todas as oportunidades para vasculhar os textos, as fotografias e os filmes, que a surpreendem quanto à personalidade de quem hoje lhe parece tão diferente daquela adolescente a viver em pleno a guerra civil libanesa.
Às tantas cria-se algum suspense em torno de um suposto mistério, que envolveria a morte do avô de Alex, mas até este é pífio, porquanto apenas se intentou substituir por assassinato político aquilo que fora um mero suicídio de quem desistira de viver tão só se vira afastado da escola onde lecionava alunos, que pretendia avessos a lutas fratricidas.
Há também a relação amorosa de Maia com um tal Raja, que o pai proibia por o saber filiado numa das milícias responsáveis pela destruição da cidade. É ele quem mãe e filha vão reencontrar em Beirute, quando ali se deslocam para uma cerimónia fúnebre em homenagem à morta. E sempre com a avó de Alex a acompanhar à distância o happy ending, que só o pudor da dupla de realizadores impede de revestir de cores ridiculamente xaroposas num berrante cor-de-rosa.
Sem comentários:
Enviar um comentário