sábado, abril 23, 2022

Hayao Miyazaki em três filmes

 

A melhor abordagem onírica ao Japão tradicional povoado de universos poéticos  mágicos, devemo-la ao mestre Miyazaki, realizador de animação que, amiúde, opta por protagonistas femininas. Por exemplo a órfã Sheeta, protegida por um cristal mágico, que traz ao pescoço, e decidida a buscar refúgio na cidade mítica de Laputa, escapando assim à perseguição do sinistro coronel Muska. Como modelo para esse «Castelo no Céu» - título do filme rodado em 1986 - Miyazaki socorreu-se da fortaleza de Ono-shi e do singular fenómeno atmosférico, que amiúde, a deixam envolta em brumas como se pairasse nas alturas.

Outro exemplo é o de San em «A Princesa Mononoke» (1997), que ajuda o príncipe Ashitaka a vencer uma temível maldição e a salvar uma floresta com a ajuda dos kodamas, os espíritos aí escondidos entre as raízes gigantes e as árvores frondosas. Ou ainda o de Chihiro, a miúda de dez anos, que vira os pais transformarem-se em porcos ao refastelarem-se com uma refeição numa mesa aparentemente sem ninguém, que lhes surgira no caminho. Datado de 2001, esse «A Viagem de Chihiro» é uma viagem iniciática, que Miyzaki cria a partir do albergue termal de Shimo Onsen, confirmando a apetência por cenários inspirados nos que são bem reais.

Prolixa, a filmografia de Miyazaki possibilitaria muitas outras referências, mas estas permitem a generalização quanto à riqueza imaginativa das suas histórias traduzidas numa concretização estilística, que lhe é própria, e admite comparações com os seus menos talentosos imitadores. 

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