Somos as sobras do Big Bang, dizia Leon Lederman no gabinete do FermiLab, perto de Chicago, onde desenvolveu boa parte das suas experiências de física experimental.
Desafiado a imaginar o universo nos momentos iniciais de há 13,8 bilhões de anos, ele via-o como uma quantidade ilimitada de partículas a entrechocarem-se. A energia multiplicava-se em partículas de matéria e antimatéria que, neutralizando-se, alavancavam ainda mais a sua quantidade inicial.
Podemos aí ver mais uma demonstração da inexistência de deus porque, na atávica perfeição, ele imporia a simetria absoluta e as partículas e antipartículas acabariam por neutralizarem-se totalmente, deixando um rasto de radiação. Ora, foi pelo desajustamento da quantidade de umas e outras, que nasceram as rochas, os peixes, os seres humanos. Uma boa razão para Leon Lederman considerar bela e consoladora essa assimetria primitiva.
E, mesmo nunca tendo visto uma delas - nem sequer o mais banal dos átomos, apenas lhes ouvindo milhares de vezes os clics no ciclotrão! - desde adolescente soube serem esses domínios invisíveis sobre, que a sua mente só poderia especular, a servirem-lhe de projeto de vida. O doutoramento já as teve como tema da sua tese.
E, mesmo restringindo-se a comprovar o que a imaginação lhe ia sugerindo, sempre partiu de um pressuposto inabalável: mesmo no momento da explosão inicial o universo sempre terá funcionado de acordo com as leis da natureza, a que dedicou toda a vida para as descortinar e comprovar.
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