Olhamos para as imagens da chegada de Albert Einstein aos Estados Unidos, em 1933, e logo simpatizamos com o feitio bonacheirão de quem, às perguntas dos jornalistas, responde ser-lhe indiferente a Lei Seca, porque não bebe, mas apressa-se a confessar o estímulo da nova casa tendo em conta ver-se rodeado de algumas beldades, que acorreram a dar-lhe as boas vindas.
Associamo-lo facilmente à imagem em que deita a língua de fora para o fotógrafo e a todas as provocações em que foi exímio por nunca abdicar de dizer o que lhe vinha a cabeça por saber-se admirado o bastante para ninguém se atrever a contestá-lo.
Estava-se em 1933 e, previdente perante a ascensão dos nazis ao poder, tomou a decisão de não regressar a uma Alemanha, depressa entendida como lugar inadequado para quem tivesse filiação judaica. E, no entanto, a vivenda por ele mandada construir perto de Potsdam junto à floresta de Brandeburgo, onde tanto gostara de passear, fora porventura o sítio mais aprazível de todos em que vivera. Afinal só por três anos usufruíra do conforto por ela proporcionado e os passeios propícios à reflexão, concretizados à sua beira.
Por essa altura os trabalhos científicos mais importantes já tinham sido publicados e ele era um professor excêntrico reformado a quem a Academia pagava para prosseguir as investigações no domicílio fazendo-o precursor do atual teletrabalho. Em vez de se deslocar a Berlim, que ficava a uma trintena de quilómetros, eram os colegas, admiradores, assistentes e alunos a deslocarem-se onde residia.
Melhor do que qualquer dos contemporâneos ele encarnava a grandeza de um século, que contaria igualmente com as suas misérias, E, convenhamos que, como marido e pai, ele não se livrou de alguns motivos de censura, que os detratores acentuaram, quando os incomodou o seu papel como pacifista, que reivindicava um código ético humanista contra quem gostaria de o ter como aliado para as suas predisposições imperiais...
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