terça-feira, fevereiro 04, 2025

APONTAMENTOS CINÉFILOS: Os Grandes Criadores

 

Quando me acenam com propostas a respeito do processo criativo fico a salivar de interesse. O surgimento de algo de novo nas artes é matéria aliciante por corresponder ao interesse maior de aferir como, de algo existente, se pode construir o profundamente novo, quiçá mesmo revolucionário.

Foi com essa expetativa, que me pus a ver Os Grandes Criadores, filme rodado em 2020 e 2021 por Ramon de los Santos e Elisa Bogalheiro a pretexto dos 25 anos passados sobre a fundação da Companhia de Teatro do Chapitô. E ela viu-se razoavelmente satisfeita, quanto mais não seja por valorizar um coletivo algo subestimado entre nós por ser associado ao lado circense da mesma instituição e isso constituir motivo para serem vistos com injustificado preconceito. Razão desconhecida além-fronteiras onde ele goza de merecido reconhecimento.

Em causa está quem conseguiu organizar um espaço de experimentação de novas linguagens cénicas para compensar os meios escassos investindo-se na imaginação e na opção por uma maior expressão corporal,

Isso mesmo é evidenciado num conjunto de excertos sobre muitos dos espetáculos propostos nesse primeiro quartel de vida com justificado destaque para o que sugeriu o título ao documentário no qual houve a capacidade para por o público a gargalhar com um texto irresistivelmente blasfemo (uma delícia para um ateu como o sou!). Mas o mesmo nível de provocação também contido no Napoleão ou o Complexo de Édipo apresentado pouco antes da pandemia.

Um bom estímulo para quem puder ver o Rei Lear a partir de 1 de março. 

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