Ao avançar no tronco da árvore um escaravelho pode julgar-se num piso direito, mas a curvatura tende-o a desviar de acordo com a efetiva realidade. Assim somos nós julgando-nos capazes de irmos daqui para acolá pelo caminho mais curto, mas condicionados pelo arqueamento do espaço-tempo em que nos vemos.
Terá sido uma observação desse tipo, confirmada por outras colhidas nos frequentes passeios pelos campos e florestas, que tornou Einstein no protagonista do grande momento da cosmologia moderna. Para escândalo de alguns dos cientistas mais velhos da Academia Prussiana de Ciências, um modesto funcionário do Escritório de Patentes suíço mandava às malvas a irrefutável Teoria de Gravitação Universal mediante cálculos matemáticos, quase cabalísticos.
Se a reação dos presentes se dividiu entre o ceticismo quanto à validade da Teoria da Relatividade Geral, e a curiosidade de quem se revelava disponível para a ver testada, depressa esta segunda atitude ganhou aceitação, quando os telescópios confirmaram o desvio da órbita de Mercúrio, e com ele a insuficiência da tese newtoniana que fazia depender a atração dos corpos exclusivamente das suas massas.
A gravidade passava a ajustar-se à geometria do binómio do espaço e do tempo possibilitando outras descobertas fundamentais sobre como olhamos agora para o Universo: a sua imparável expansão, a existência de buracos negros.
E esta descoberta poderá ter começado pela deslocação de um coleóptero numa árvore, havendo quem dela depreendesse a semelhança com a condição de quem avança à velocidade de 29,8 quilómetros por segundo em torno do sol e não se apercebe de tão vertiginosa viagem...
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