sábado, janeiro 11, 2025

APONTAMENTOS CINÉFILOS: Uma porta de luz rodeada de sombras

 

Diálogo de Sombras de Júlio Alves: de 2021 os ecos da retrospetiva organizada há meia dúzia de anos em Serralves. Passaporte para um projeto artístico, que sempre surpreende nas formas e conteúdos, um estilo só seu.

A cinefilia a valorizar filmes de um passado em que tinham importância artística, social e, ao mesmo tempo, chegaram a ser entretenimento popular.

Hitchcock, Fritz Lang, Hawks, Straub & Huillet, António Reis & Margarida Cordeiro, Eisenstein, Ford, Chaplin, Akerman, Godard, Dmytrik, Stroheim, Resnais, Dovjenko, Franju, Cocteau, Bresson, Tati, Tourneur, Griffith, Ozu, Dreyer, Borzage. Tantos com quem se estabeleceram pontes na escuridão das salas de cinema.

Mas também as pinturas, fotografias ou esculturas de Géricault, Picasso, Rui Chafes, Walter Evans, Nozolino, João Queirós e tantos outros, porque a sétima das artes não se dissocia de todas as outras. Ou, não menos importante, a carta escrita por Robert Desnos  no campo de Terezin onde morreu.

A montagem a potenciar conteúdos mediante o preciso instante do corte de cada plano, do seu enquadramento.

Os grandes planos a trazerem-nos o íntimo dos personagens. Príncipes de uma dinastia perdida como alguém os definiu?

As lutas de classes: de emigrantes enganados por patrões e pelos sonhos desfeitos. Camponeses em greve esmagados por polícias transportados em comboios, traídos pelos ferroviários, que não se solidarizaram com eles.

O efeito de coro de um conjunto de ecrãs donde as imagens e sons, que apelam à transformação do mundo, comprovado o lastimoso estado em que ele se encontra.

Costuma ser dado como obra exigente, que afasta quem procura a ligeireza do que não incomode. Mas nela entrando como sair do seu sortilégio? 

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