quinta-feira, junho 29, 2023

E lá temos de pensar na Maldita!

 

A dose quase diária dos documentários do Philippe Gougler na RTP2 reafirma a pertinência da metáfora óbvia da comparação das viagens de comboio com o curso da vida com tudo o que ela comporta. Porque vai-se de um ponto de partida para outro de chegada encontrando-se gente antes desconhecida, mas passível de suscitar empatia ou indiferença, e deparando com percalços, que podem parecer quase intransponíveis.

Ontem, no México, era incontornável o tema dos rituais dos dias dos Finados, que homenageiam os mortos com alegria e proximidade, porque focalizados nos próprios cemitérios.

Associando outro documentário sobre as crenças dos cambojanos, que se imaginam rodeados de fantasmas, vemo-nos sugestionados pela necessidade de pessoas de culturas diversas acreditarem numa qualquer existência pós-morte. Algo inimaginável à luz dos nossos conhecimentos científicos, porque é o Nada a fazer-se inevitável. Hoje está-se cá, amanhã deixa-se de estar, como dizia o Saramago numa cena do filme do Miguel Gonçalves Mendes- Por muito que tanto gostássemos, que a vida não se cingisse à limitada existência. 

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